Reduzir o uso do celular por 72 horas pode causar mudanças em regiões cerebrais ligadas a mecanismos de recompensa e vício.
É o que sugere uma pesquisa da Universidade de Heidelberg, na Alemanha, publicada no periódico Computers in Human Behavior.
O estudo foi realizado com 25 jovens, de 18 a 30 anos, orientados a usar o smartphone somente para funções essenciais, como contato com familiares.
Antes e depois da restrição, os voluntários passaram por exames de ressonância magnética enquanto observavam diferentes imagens — entre elas, fotos de celulares ligados e desligados.
Os resultados mostraram ativação em áreas associadas ao desejo intenso, como o giro cingulado anterior e o núcleo accumbens, também estudadas em casos de dependência química.
Houve ainda estímulo em vias de dopamina e serotonina, neurotransmissores ligados à regulação do humor e a comportamentos de vício.
Segundo o psiquiatra Gabriel Garcia Okuda, do Hospital Israelita Albert Einstein, “os achados podem indicar um desejo maior pelo uso do celular, semelhante ao que ocorre em dependências de substâncias como cigarro e drogas”.
Além das alterações cerebrais, os voluntários relataram melhora na qualidade do sono e do humor após o período de restrição.
No entanto, os autores alertam para as limitações: amostra reduzida, ausência de grupo de controle e avaliação subjetiva dos participantes.
“O estudo não bate o martelo para nada, mas ajuda a iniciar uma reflexão importante sobre o impacto do celular no nosso cérebro”, completa Okuda.