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Maringá,12/05/2025

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Investigação revela pagamentos de 110 milhões


Investigação revela pagamentos de 110 milhões

Novas informações explosivas surgem na investigação sobre o bilionário esquema de fraudes contra aposentados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Planilhas e quebras de sigilo revelam que entidades envolvidas nos descontos indevidos já pagaram pelo menos R$ 110 milhões a empresários e empresas que atuam no ramo de crédito consignado.
O escândalo, descoberto pelo Metrópoles em reportagens desde dezembro de 2023, culminou na Operação Sem Desconto da Polícia Federal em abril deste ano, expondo um desvio que pode alcançar a cifra de R$ 6,3 bilhões. O caso teve um impacto significativo, levando às demissões do presidente do INSS e do ministro da Previdência.
As investigações apontam que associações suspeitas de fraudar a filiação de aposentados para cobrar mensalidades firmaram acordos lucrativos com empresas de crédito consignado. A mecânica era perversa: as entidades recebiam uma porcentagem dos descontos de cada aposentado que conseguiam filiar ao "vender" os empréstimos consignados, que também são automaticamente deduzidos da folha de pagamento dos beneficiários.
Uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) em 2023 já havia acendido o alerta, identificando uma coincidência alarmante entre milhares de descontos associativos e as datas de contratação de empréstimos consignados. Até o momento, 12 de mais de 30 entidades estão sob processo. O INSS estima que 9 milhões de aposentados foram afetados pelos descontos indevidos e começarão a ser notificados para o início do plano de ressarcimento.
A Ligação com o Crédito Consignado:
A associação que se destaca nessa intrincada rede de pagamentos é a Amar Brasil Clube de Benefícios, presidida por Américo Monte. Desde que firmou acordo com o INSS em 2022, a entidade faturou impressionantes R$ 324 milhões. Américo Monte é pai de Américo Monte Jr., proprietário de empresas de crédito consignado que já foram investigadas por suposta falsificação de assinaturas de aposentados para empréstimos fraudulentos. 
 Amar Brasil destinou R$ 25 milhões a uma das empresas de seu filho, e outros R$ 54 milhões foram repassados a outras empresas ligadas a ele.
Outras entidades sob suspeita, também com fortes laços com o setor de crédito consignado, são a Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos (Ambec), a União dos Aposentados e Pensionistas do Brasil (Unsbras ou Unabrasil) e o Centro de Estudos dos Benefícios dos Aposentados e Pensionistas (Cebap). Juntas, elas faturaram R$ 580 milhões com os descontos desde que fecharam acordos com o INSS durante os governos Lula e Bolsonaro.
Todas essas entidades estão ligadas ao empresário Maurício Camisotti, do ramo de seguros e planos de saúde, com parentes e funcionários de suas empresas figurando em seus quadros. A Operação Sem Desconto revelou que entidades ligadas a Camisotti pagaram pelo menos R$ 15 milhões a empresas de Hebert Menocchi, um ex-gerente do BMG.
Como Funcionava o Acordo:
Planilhas mostram a engrenagem financeira por trás do esquema. Contratos da Cebap e da Ambec revelam repasses de R$ 6,8 milhões e R$ 8 milhões, respectivamente, para as empresas de consignado. A cláusula de remuneração era clara: 100% da primeira mensalidade descontada do aposentado pelas entidades e 21% de todas as demais contribuições mensais seriam direcionados às empresas que operavam os consignados e realizavam as filiações.
O TCU já havia detectado a forte relação entre os empréstimos consignados e o aumento vertiginoso dos descontos de mensalidade associativa, que triplicaram entre 2023 e 2024, atingindo a marca de R$ 2 bilhões em um ano. O levantamento do órgão apontou que 482 mil novas filiações ocorreram em datas muito próximas ao início de contratos de empréstimos consignados de aposentados, somente entre janeiro e outubro de 2023.
Diante da dimensão do escândalo, o presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior, determinou na última quinta-feira (8/5) o bloqueio de novos descontos de empréstimo consignado para todos os segurados, independentemente da data de concessão do benefício, seguindo as recomendações do TCU.
Em meio às investigações, o deputado federal Nikolas Ferreira divulgou um vídeo alegando que o escândalo do INSS envolvia R$ 90 bilhões em empréstimos consignados.
No entanto, a Controladoria-Geral da União (CGU) rapidamente desmentiu a informação, esclarecendo que esse valor se refere ao volume total de empréstimos consignados em um ano, enquanto a investigação conjunta com a PF foca nos R$ 6,3 bilhões de descontos de mensalidade associativa sobre as aposentadorias. A verdade é que a teia de pagamentos desvendada pelas investigações expõe um esquema preocupante, onde pelo menos R$ 110 milhões transitaram das entidades sob suspeita para empresas de crédito consignado, levantando sérias questões sobre a integridade do sistema e a proteção dos direitos dos aposentados.




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