Uma carga de 27 toneladas de frango congelado foi completamente saqueada por cerca de 100 pessoas, na noite desta quinta-feira (3), após o tombamento de um caminhão no km 467 da BR-277, em Laranjeiras do Sul, região central do Paraná.
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o acidente ocorreu por volta das 16h30.  O condutor do caminhão não sofreu ferimentos, mas, à medida que o tempo escurecia, a situação se agravou. 
O que era apenas uma ocorrência de trânsito se transformou em uma cena de descontrole e hostilidade.
"Inicialmente, cerca de 40 pessoas se aproximaram da cena do acidente, mas o número aumentou rapidamente, chegando a aproximadamente 100 indivíduos", informou a PRF. 
A carga, avaliada em milhares de reais, foi rapidamente saqueada.
As equipes da PRF e da concessionária responsável pelo trecho tentaram conter a ação criminosa, mas foram recebidas com pedras e precisaram recuar. 
A Polícia Civil do Paraná divulgou que já iniciou diligências para identificar os envolvidos. 
“A equipe policial está investigando para identificar os autores e elucidar o caso”, destacou a corporação em nota oficial.
Frango congelado, consciência derretida
Um caminhão tomba. O motorista sobrevive. Era para ser motivo de alívio e talvez de solidariedade.
Mas foi diante desse acidente que presenciamos, mais uma vez, a falência moral de uma parte da sociedade.
Roubar a carga de um caminhão tombado não é um ato de necessidade. É crime.
Quando 100 pessoas agem em grupo para saquear mercadoria — e ainda apedrejam policiais que tentam restabelecer a ordem — o problema é muito mais profundo que o prejuízo material. É um colapso de valores.
Cobramos ética dos políticos, honestidade dos servidores públicos, segurança do Estado.
Mas esquecemos que ética começa no indivíduo, na decisão de não roubar, mesmo que ninguém esteja olhando. A carga saqueada é o sustento de muitos.
É o esforço de um motorista, de uma transportadora, de quem produz e embala cada caixa. O prejuízo não é só econômico — é também moral. Que os responsáveis sejam identificados e responsabilizados. Mas, mais do que isso, que esse episódio sirva de reflexão coletiva. Porque não existe justiça social possível sem consciência individual.