Tem um Ratinho querendo mexer no queijo em Brasília.

A arena política sempre oferece a possibilidade que leões ocupem o centro do tablado, comandando as ações, determinando fatos e passos dos concorrentes, além de interferir no desenho de vários cenários. 2026 pode apresentar como novidade, a presença de um Ratinho como elemento determinante da sucessão em Brasília e em vários estados.
Ainda que em 2018, Jair Bolsonaro tenha descontruído o duelo entre petistas e tucanos que já se repetia por várias eleições, é sempre incomum um jogo aberto na sucessão federal.
O próximo ano não terá a repetição do clássico recente entre Lula e Bolsonaro porque este foi expulso de campo e ainda com a possibilidade, por enquanto remota, da substituição do primeiro, ainda que permaneça em posição secundária.
Parece o momento ideal para uma eleição multifacetada, aberta e com vários players em posição de destaque, porém a figura do governador paranaense Ratinho Junior parece, a passos lentos e seguros, estar se deslocando para o centro da cena política.
Ratinho Junior, governador reeleito, naturalmente já é figura central da eleição paranaense que se move com agilidade no quadro nacional, com diálogo franco e aberto com os demais players, trânsito confortável, exceto na ponta esquerda, e, neste momento, com a possível ausência de Tarcísio de Freitas da eleição nacional, se apresentando como a aposta mais consequente do campo da direita.
No Paraná, se optar pela eleição ao Senado, terá mais facilidade para impor seu escolhido, que neste caso pode ser seu secretario Guto Silva, mas a provável opção pela disputa federal poderá lhe exigir um acordo não desejado com o Senador Sergio Moro, como chave da porta da federação União Progressista, ou a escolha da dobradinha mais competitiva, e forte no âmbito estadual, Deputado Alexandre Curi em parceria com Rafael Greca, talvez o principal eleitor da capital Curitiba.
Todavia, é um olhar mais profundo para a disputa nacional que aponta, neste momento, Ratinho Junior como provável principal competidor pela direita, se credenciando para a disputa em dois tempos contra Lula, posição atingida pelo conjunto de seus acertos e postura, somada as trapalhadas de seus principais competidores.
O governador paulista caminhava para pavimentar seu caminho até Brasília, mas falhou ao se mostrar extremamente servil ao líder Jair Bolsonaro, exagerando na representação do papel de cumpridor de ordens, batendo continência ao PL e a Jair, com a sutileza de um elefante em uma loja de cristais, atropelando o bom senso e trombando com o STF, gerando uma grande desconfiança de que poderia ser apenas um ajudante de ordens investido de poder parcial, como uma marionete manipulada pela mão forte do presidente do PL. Seu açodamento recoloca a reeleição paulista como sua melhor opção e abre caminho para novos players.
O governador Romeu Zema, mesmo com duas gestões bem avaliadas, posicionou o sarrafo muito baixo por conta da limitada capacidade de sua sigla, o Novo, e pela falta da necessária motivação dos mineiros que, embora lhe assegurem uma posição discreta no páreo eleitoral, pode lhe render uma conveniente posição de vice em alguma das chapas.
Importante também citar o nome de Eduardo Bolsonaro, tentando ocupar o espaço do bolsonarismo raiz, ciente de sua boa largada eleitoral e munido da máquina digital, eficiente para construir e destruir, que tem uma boa base parlamentar, mas carece de apoio dos nomes fundamentais, Jair Bolsonaro e Valdemar Costa Neto.
A melhor aposta é que Eduardo faça muito barulho inconsequente porque nem mesmo conseguirá pisar em território nacional sem cair nas garras do ministro Alexandre de Moraes, escudado pelas declarações e ações desastradas na ânsia insana de punir o Brasil para salvar a pele do seu pai.
Ronaldo Caiado, governador goiano, pressionado pela idade, tem dificuldade de armar o jogo em uma sigla com baixa solidariedade que agora aliada aos progressistas busca priorizar uma boa composição com um dos favoritos, fazendo o que sempre fizeram; buscar abrigo ao lado dos vitoriosos. Caiado pode ser substituído por uma aliança de conveniência ou, ainda mais provável, com a possibilidade de união das siglas de centro, com republicanos e o PSD em apoio ao governador paranaense.
Pelo campo esquerdo, além da natural, e agora reforçada candidatura de Lula, com eterna gratidão ao trapalhão Eduardo Bolsonaro e ao intrépido Donald Trump, pode surgir revigorada a opção Ciro Gomes, um nome de qualidade que alterna momentos de extrema lucidez e competência, com excesso de voluntarismo, sempre vitimado pela polaridade que lhe causou raquitismo eleitoral em todas as disputas. Ciro surge agora como único nome capaz de limitar a crescimento de Lula em direção ao centro, por ser competitivo na centro esquerda e no Nordeste, onde sempre mostra índices consistentes. Se o jogo embolar na faixa inferior, Ciro Gomes pode despontar como surpresa 24 anos depois da sua primeira disputa.
Lógico que o cenário 2026 pode inspirar novas aventuras, como foi Collor em 1989 ou mesmo Bolsonaro em 2018, embora o único nome que se apresenta para cumprir esta missão até agora é Danilo Gentili, sem o apelo de Pablo Marçal, embora com a verve humorista que tanto combina com nossas eleições.
Observe que esta leitura coloca em destaque o governador paranaense Ratinho Junior que conjuga duas excelentes narrativas que se somam.
O governador reivindica uma desejada mudança geracional, colocando novos nomes no topo em substituição ao mesmos nomes do final do século passado e, em argumento muito mais sólido, Ratinho apresenta ótimo desempenho no comando do Paraná, com a maior aprovação e, provavelmente, a melhor gestão dentre todos os estados, atingindo o pódio em praticamente todas as áreas, educação, economia e sustentabilidade à frente, com números e discursos que pedem passagem para transpor o êxito paranaense para Brasília.
Portanto, não se surpreenda se as eleições de 2026 nos tirarem da zona de conforto porque tem um Ratinho bastante credenciado e querendo mexer no queijo em Brasília.