Na mira da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União, o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi) é uma das entidades investigadas por participar de um esquema que desviou bilhões de reais dos aposentados e pensionistas do INSS.
O sindicato é filiado à Força Sindical e tem José Ferreira da Silva,  o Frei Chico, um dos irmãos do presidente Lula, como vice-presidente. 
Fundado há 25 anos, o Sindnapi tem hoje cerca de 277.000 associados, com a sede em São Paulo — e capilaridade em todo o estado –, com subsedes na Bahia, Paraíba, Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, Rio de Janeiro e em Minas Gerais. Em 2021, afirmava registrar uma média de 10.000 novos sócios por mês. 
Em sua página oficial, o sindicato afirma que nasceu da “indignação” de milhares de cidadãos brasileiros que, depois de trabalharem e contribuírem a vida inteira, depararam-se com uma dura realidade  “Diante de tantos desafios, era necessário organizar a categoria para ter voz na sociedade por melhores condições de vida, por mais respeito e dignidade”, diz o manifesto. 
O Sindnapi funciona de maneira semelhante à de sindicatos que representam categorias de diversas profissões. Os associados têm acesso a serviços, descontos em medicamentos, produtos e planos de saúde, além de atividades de lazer como viagens e estadia em colônias de férias.
Desde sua criação, o sindicato, liderado pelo seu principal dirigente, João Inocentini — falecido em 2023 — reivindicou e conquistou melhorias para os aposentados e pensionistas do INSS, como a aplicação do reajuste nas aposentadorias em 1º de janeiro de cada ano, e a antecipação do 13º salário dos beneficiários. Em 2020, durante a pandemia de Covid-19, lutou, por exemplo, pelo 14º  salário a aposentados e pensionistas, medida que acabou não vingando no Congresso. 
Investigação
O Sindnapi é apontado nas investigações em andamento como a terceira entidade que mais arrecadou com os descontos ilegais nas aposentadorias entre 2019 e 2024. Foram 259 milhões de reais neste período. Para a Polícia Federal, a entidade deixou de apresentar a documentação necessária para comprovar que fez os descontos com a autorização dos associados. 
Aos membros, o sindicato alerta que as contribuições sindicais precisam ser autorizadas diretamente pelo aposentado e que, para continuar tendo acesso aos serviços da entidade, é preciso liberar a contribuição no Meu INSS.
Apesar de ser citado na investigação da PF, o Sindnapi foi poupado de medidas recentes tomadas pelo governo em relação às fraudes. A Advocacia-Geral da União, por exemplo, não incluiu o sindicato na lista de entidades que tiveram os recursos bloqueados para ressarcir os aposentados que foram vítimas do esquema. 
A AGU informou que solicitou o bloqueio de recursos de doze entidades, além de ter pedido também as quebras de sigilo fiscal e bancário de seus dirigentes.
Chefe do órgão, o ministro Jorge Messias explicou que só incluiu na lista as entidades que foram aparentemente criadas apenas para viabilizar as fraudes — o que não seria o caso do sindicato dirigido pelo irmão do presidente.
O Sindnapi nega que a entidade seja investigada pela PF e pela CGU. Informa que o aumento da arrecadação do sindicato entre 2019 e 2024 tem relação direta com os serviços prestados pela instituição, como seguro de vida e atendimento à saúde. O sindicato comunicou também que já apresentou toda a documentação solicitada pelas autoridades.