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Maringá,16/07/2025

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Walber Guimarães Junior

Trump agressivo e sem freios ajuda a esquerda?

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Trump agressivo e sem freios ajuda a esquerda? Trump agressivo e sem freios ajuda a esquerda?

Toda boa cartilha de marketing eleitoral propõe a criação de uma identidade política, com bandeiras e “inimigo” bem definidos como etapas de consolidação de candidaturas ou grupos políticos, informando que não basta pregar no deserto porque cada mensagem deve ter segmentação e conteúdo compatíveis com o desenho estratégico. Trump tem se esforçado para ajudar nesta construção em inúmeros países.
O primeiro exemplo foi o Canadá, onde o premier Mark Carney sofria com índices baixos de popularidade e expectativa negativa para as eleições, com o seu Partido Liberal chegou a ficar vinte pontos atrás dos conservadores. Todavia, as estrepolias de Trump que resolveu que o Canadá seria mais um estado americano, impulsionou Carney e seu partido para uma vitória apertada, porém configurando uma reviravolta inesperada. Trump permitiu que o roteiro de marketing eleitoral fosse cumprido com excelência, se colocando como inimigo e entregando a atrativa bandeira de soberania nacional para tremular nas mãos do Partido Liberal.
Historicamente, conflitos externos sempre proporcionaram coesão interna, despertando o patriotismo e gerando um alinhamento da população com os governantes na defesa dos interesses nacionais.
A Venezuela abrindo uma frente externa contra a Guiana, Zelenski se tornando incontestável na Ucrânia são apenas alguns dos exemplos mais recentes. As ações intempestivas de Trump apontam para a reedição deste cenário em outros países.
Com hiper foco nas questões internas, com a prioridade absoluta de recuperar a economia e o prestígio americano, Trump faz o seu jogo com agressividade, pontuado de ataques e recuos, como um jogador frio que avança, mas mantém sempre a possibilidade de revisões, como um bom truqueiro que joga com ou sem cartas, embora um presidente americano nem precise saber como é jogar de mãos vazias.
Basta um mínimo de atenção para observar que a prioridade de Trump são as questões econômicas americanas e todo seu esforço é em direção à uma balança comercial mais favorável e, para isto, vai atropelar quem estiver no caminho, até aliados históricos, porque o presidente tem interesses e não amigos.
Redividindo o planeta entre americanos e chineses, mantendo os russos ocupados com suas ambições regionais, os EUA sabem que cada centavo do comércio internacional é atacado com astúcia pela China e resta aos americanos apelarem para rearranjos das taxas do comércio mundial, para reverter prejuízos históricos que sofrem com a postura de Nação líder e comprometida com as questões da Aldeia Global, por isso ameaçam a todos para que a parcela americana dos lucros seja cada vez maior.
Cientes da velha regra que “chumbo trocado não dói”, os demais países, percebendo que a reação não seria isolada, se sentiram estimulados a devolverem na mesma moeda e, um rápido balanço atualizado, mostra que em todas as nações haverá mais prejuízos do que lucros, até que se reestabeleça um novo ponto de equilíbrio e isto vale também para os americanos.
Voltando o olhar para o Brasil, é um momento tenso e preocupante.
Temos volumes de negócios muito elevados com a China, nosso parceiro número 1, mas também com americanos, logo a seguir. Friamente, como nossa pauta de exportações é pouco vulnerável aos concorrentes, é razoável supor que, após os desajustes iniciais, podemos até sair favorecidos com a nova ordenação comercial, não sem antes sofrer com sobressaltos da fase de adequação.
Este é o problema; em prazo ainda menor, teremos eleições gerais e todos sabem que o bolso é o principal atributo eleitoral. O problema é que as desavenças ideológicas entre Trump e Lula, além de sua aproximação com a família Bolsonaro, podem otimizar nossos problemas econômicos. Enquanto aponta o dedo para Alexandre de Moraes, ministro do STF, encontra eco na sua impopularidade, mas quando insinua punições para o Brasil, Trump acende a chama do patriotismo e pode despertar movimentos de coesão a favor da soberania nacional que, ainda que não sejam próximas, podem funcionar como combustível eleitoral para as esquerdas brasileiras.
Entendendo que os tempos em que as ações da CIA americana decidiam mais que as urnas ficaram no passado, Trump teria que ir muito além das bravatas para efetivamente ajudar Bolsonaro ou a direta brasileira. Por enquanto, aumenta o prestígio do ex-presidente, mas não tem potencial para alterar uma única vírgula em suas demandas judiciais, exceto por abrir um caminho diplomático para eventual asilo político.
Avalizado pelos exemplos de outros países, é justo concluir que Trump tem enorme potencial para atrapalhar nossa economia, sendo este o fator realmente relevante em eventual desejo de ajudar a oposição brasileira, todavia concede bandeira e discurso pronto para Lula reduzir sua rejeição ao liderar a reação, se associando ao sentimento do brasileiro que jamais admitiu de bom grado qualquer tipo de sapateado americano em nossa bandeira.
Para quem percebe o fundo do poço da popularidade roçando seus pés, é bem provável que Lula esteja realmente louco para seguir chutando a canela de Trump ...



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